Quinta-feira, 08 de Agosto de 2019
Artigo

Frequentemente, no consultório, é comum ouvir relatos de mães que dão chás, sucos ou água aos seus bebês antes mesmo que completem os 6 meses de vida. A grande maioria apegada à "experiência" de avós, tias, vizinhas que fizeram o mesmo em gerações anteriores. Diria até que é algo cultural encarado como uma tradição familiar.

Entretanto, não podemos deixar de reforçar sobre a importância do aleitamento materno exclusivo (do nascimento até os 6 meses) e seus benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê. Anualmente, a primeira semana de agosto é destinada à divulgação de informações que objetivam conscientizar as famílias (mães, pais) para a amamentação e, consequentemente, melhorar a saúde dos bebês.

A principal mensagem é que o leite materno é completo. Tem a composição nutricional (inclusive com água suficiente), metabólica e imunológica ideal, ajuda na redução da mortalidade infantil, previne doenças infecciosas, alérgicas e crônicas, além de auxiliar no desenvolvimento cognitivo do bebê. Para a própria mãe, o fato de amamentar de imediato ajuda a prevenir hemorragias pós-parto, reduz riscos de câncer, auxilia na perda de peso.

O aleitamento deve ser iniciado imediatamente após o nascimento e mantê-lo exclusivo até os primeiros 6 meses de vida. Somente após os 6 meses até 2 anos de vida, o aleitamento deve passar a ser complementado, ou seja, leite materno alternado com outros tipos de alimentos. Obviamente, ocorrem exceções em que deve ser contraindicado a amamentação como mães portadoras de HIV, HTLV, por ex.

Outro ponto a ser considerado é a respeito do uso do leite de vaca. Muitas mães ofertam aos seus bebês sem saber das diferenças nutricionais, do aumento do potencial alérgico do leite da vaca, a baixa absorção do cálcio - se comparado com o leite humano -, a difícil digestão, aumento de cólicas abdominais e riscos de infecções.

Em suma, além das questões de saúde, a amamentação fortalece o vínculo afetivo entre mãe e filho. Aquelas que não possuem confiança para amamentar precisam do estímulo e do apoio do pai da criança, bem como da família e dos amigos. Portanto, todos devem ter acesso às informações sobre os benefícios do aleitamento materno. Tudo pela saúde dos nossos bebês!

Tiago Nunes é médico e escreve para o Central Notícia

Fonte: Central Notícia



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Terça-feira, 23 de Outubro de 2018
Artigo

A ameaça foi explícita. “Se quiser fechar o STF, você sabe o que faz? Você não manda nem um jipe. Você manda um soldado e um cabo”, disse o deputado Eduardo Bolsonaro. “Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular a favor dos ministros?”, acrescentou.

O ministro Celso de Mello, integrante mais antigo do tribunal, classificou a fala como “inconsequente e golpista”. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que as declarações de Bolsonaro, o filho, “cruzaram a linha” e “merecem repúdio dos democratas”. “Cheiram a fascismo”, concluiu.

Quando foi que o bolsonarismo cruzou a linha? Em três décadas na política, o patriarca do clã nunca exibiu qualquer apreço pela democracia. Bem ao contrário. Sua carreira pode ser resumida como um persistente esforço para descreditá-la.

O capitão dedicou sete mandatos de deputado à exaltação da ditadura e do arbítrio. Já pregou o fuzilamento de adversários políticos e o fechamento do Congresso. Desmereceu o voto popular e defendeu a esterilização dos brasileiros pobres.

Ofendeu mulheres, negros, imigrantes, homossexuais. Foi denunciado por racismo e incitação ao estupro. Salvou-se dos processos graças ao mesmo STF que seu filho ameaçou fechar. Deve o favor à tolerância dos ministros, que preferiram não levá-lo a sério, e ao escudo da imunidade parlamentar.

Numa eleição marcada por ineditismos, Bolsonaro passou de azarão a favorito. Fez juras ao liberalismo econômico, que sempre combateu, e conquistou o apoio do establishment e do mercado financeiro, cujo candidato preferencial não decolou.

Ele também se aproveitou de uma sequência de erros do PT, que insistiu na candidatura de um ex-presidente preso, torpedeou outras alternativas em seu campo político e esperou para lançar um substituto a três semanas do primeiro turno.

Há um esforço na praça para atenuar os riscos de um governo Bolsonaro. Suas repetidas ameaças à democracia, à imprensa e aos adversários seriam apenas arroubos retóricos. Podem ser — mas, como ensinou seu filho deputado, será preciso “pagar para ver”.

No domingo, o capitão elevou o tom em discurso para apoiadores. Prometeu uma ampla “faxina” e anunciou tempos difíceis para quem ousar fazer oposição. “Ou vão para fora ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”, disse. “Será uma limpeza nunca vista”, acrescentou.

O cheiro está no ar, mas há quem prefira tapar o nariz.

Fonte: O Globo



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Quarta-feira, 17 de Outubro de 2018
Artigo

Um anoitecer de outubro. Todos os brasileiros, mesmo que involuntariamente, seguem imersos na desconfiança para os possíveis rumos da política no país. A presente dicotomia eleitoral intensifica as incertezas e elucida a superficialidade das discussões. Os acalorados debates deixam de lado o essencial: ideias e propostas pragmáticas que possam fazer do Brasil um país pujante.

É notório que apresentamos problemas estruturais graves e o clamor da sociedade vai da educação a investimentos em ciência e tecnologia. As atuais travas para o desenvolvimento nacional perpassam pelo direcionamento político dado por nossos representantes. Os avanços alcançados devem ser aprimorados e o norte para o progresso deve ser buscado com empenho sempre. Entretanto, este período de campanha eleitoral tem aprimorado mais o viés ideológico, que sobrepõe o bom senso e a autocrítica, do que o desejo de ver o país nos trilhos.

O cenário eleitoral tem se assemelhado a um jogo de futebol onde os torcedores de cada time incitam a derrota aos seus opositores a qualquer custo, como se estivessem em barcos opostos. Porém, esquecem que ao fim da campanha, o que estará em voga são os caminhos do país para os próximos quatro anos. Podemos nos refutar de discutir ideias, de ler os programas de governo de cada candidato? Devemos continuar nas acusações pessoais e esquecer-se de discutir o país?

Muitos brasileiros não se atentam ao fato de que os representantes do povo (seja no legislativo ou no executivo) estão ou estarão nesses cargos por um tempo e, assim sendo, as figuras passam, mas o país permanece. Direcionar o Brasil para avanços reais, como educação de qualidade, cidadania efetiva, saúde, segurança pública eficiente, desenvolvimento industrial e tecnológico tem de ser o arcabouço de qualquer governo.

Ao ser mantida a parcialidade irrestrita a qualquer que seja o candidato e fundamentada tão somente pela ideologia política, com o passar do tempo, nos tornamos cegos ou coniventes para sinais de incoerências na administração do que é público. Daí a necessidade de uma constante avaliação imparcial do que será bom ao país e, jamais, do que será favorável a um partido ou o político em questão.

Seremos coniventes com atitudes erradas? Manteremos a acomodação e normalidade ao “rouba, mas faz”? Isso que queremos para o país? No momento em que o Brasil apresentar uma volumosa massa crítica e que não sirva mais como objeto de manobra, sem dúvidas, estaremos livres das amarras politiqueiras e ascendendo a uma sociedade mais criteriosa, esclarecida e que preza pelo bem comum. Um país que enxergará avanços e jamais retrocessos. Em suma, não podemos recorrer a irracionalidades que atrasam uma nação.

Fonte: Tiago Nunes é médico e colunista do Central Notícia



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