O fechamento dos laboratórios nas escolas estaduais de Seabra ameaça estágio dos futuros técnico (a)s de informática
Atualmente, o país não tem a capacidade de oferecer um sistema de acesso de qualidade. Segundo a Associação Brasileira de Internet (ABRANET) mesmo que a operadora ofereça 50 ou 100 Megabits para o cliente, a velocidade tende a cair, porque, as outras camadas estão atuando com apenas 15 Megabits.
A demanda por internet no Brasil vem crescendo, mas, o acesso não chega a todos os lugares, em especial nos municípios com número menor de habitantes. Diante disso, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) afirma que, é possível resolver esse problema, a partir da democratização do acesso, que deve ser oferecida de forma igualitária para todo (a)s.
No entanto, para a internet chegar a (o) usuário (a) é feito a transmissão de sinais que se dá por meio de ondas eletromagnéticas, se propagam no espaço e oscilam em direção a outro campo para difundir sua energia. E a partir de todo o espectro, ou, registro visual dessa distribuição de quantidade de magnitude, mediada por meio da luz visível. Uma antena transmite para outra antena receptora, através da rede sem fio (wireless) pelas interconexões dos dispositivos, que processa a informação recebida e a disponibiliza para o (a)s usuário(s).
Para o acesso em todo o entorno do lugar ou em ambientes mais amplos é recomendada a banda larga (wireless). Diferente da conexão via cabo que é indicada para áreas com menor alcance como ambientes familiares e/ou laboratórios de informática.
Para ambas as conexões são necessárias à antena e com a falta dela, alguns lugares da zona rural, não conseguem participar desse processo de democratização do acesso, corroborando com a desigualdade no acesso e ao mesmo tempo com a defasagem no ensino daqueles que utilizam a internet para estudar. Através das salas de informática implantadas nas escolas é possível fazer com que o acesso chegue a esses alunos. Mas, o que fazer para que essas salas de informática cheguem às escolas?
Segundo o Ministério da Educação (MEC) os laboratórios são implantados nas escolas por meio do Programa Nacional de Tecnologia Educacional, e partir disso, é possível fazer adesão do PROINFO, cadastrar e selecionar as escolas que vão ser contempladas com a inclusão digital. Mas, além disso, são necessários alguns quesitos para manter esse recurso.
Para esses laboratórios continuarem funcionando é necessário; ter conhecimento do PROINFADATA, órgão responsável por fiscalizar esses laboratórios e avaliar se eles estão em condições adequadas para uso, ou se precisam de manutenção, e depois acionar esse órgão para manter esse recurso disponível aos alunos.
Letramento Digital
O Programa Nacional de Tecnologia Educacional disponibiliza as orientações de uso desses equipamentos via on-line, através de um curso EAD; Linux Educacional. Mas, tanto para um programa convencional quanto para o outro (Linux) é necessário à capacitação do (a)s professores para utilização das máquinas para o chamado letramento digital que seria o domínio dessas novas tecnologias. E por meio de projetos de capacitação docente, é possível compartilhar o saber adquirido, através de cursos de manuseio de software livre (Linux) que poderão ser realizados pelo (a)s aluno (a)s do IFBA, afirma Mateus Brito, professor do Instituto Federal da Bahia em Seabra e idealizador do projeto.
O coordenador Regional da Educação Básica, Giliardes Almeida afirma que devido ao despreparo de alguns docentes, “algumas escolas não acompanharam essa revolução tecnológica, porque “nossos professores ainda estão defasados, pois não sabem usar uma data show e se recusam a usar notebook”“.
Reforçando a necessidade da implementação de projetos como o de Mateus, a, diretora do Centro Estadual de Seabra Ana Leão acrescenta “Alguns aluno (a)s reclamam dessa falta de capacitação dos professores quanto ao uso desses aparatos tecnológicos”.
No entanto, o professor Pires afirma que o (a)s professore (a)s da rede estadual de ensino sabem usar as tecnologias da informação, devido à capacitação feita de forma on-line no site da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que durou cerca de três meses. “Aprendemos todas as ferramentas que o Google fornece, para o (a) professor (a) trabalhar na sala de aula, desde planilhas, documentos, apresentações, Web conferências, afirma ele”.
Falta de técnico nas escolas estaduais
Seabra passa por outra grande dificuldade, pois, as escolas apesar de terem laboratório, não funcionam por “falta” de técnico. Com isso alguns alunos informam sobre as dificuldades encontradas com a desativação desses laboratórios. “A maior dificuldade que encontrei foi em fazer os trabalhos de pesquisa solicitados pela escola, pois como os laboratórios de informática estão fechados precisei pedir aos meus colegas que tinham internet 3G no celular, para concluir os trabalhos”, ressalta a estudante do CES, Sara Teixeira. E quem mais sofre com isso é o público do vespertino, composto pelas pessoas da zona rural, afirma a diretora Ana Leão.
“Temos que pensar no que fazer pra melhorar essa realidade, onde o (a) aluno (a) não tem condições de fazer pesquisa nos laboratório da escola, por falta de técnicos”, acrescenta Pires.
Podemos realizar nosso trabalho aqui, de forma a contribuir para o desenvolvimento do lugar onde nascemos, explica Michael aluno do IFBA,do curso técnico em informática. Não podemos permitir que esses alunos façam o curso aqui e saiam deste município com a desculpa de não ter campo para atuar. Porque temos sim” afirma o coordenador regional da educação básica Giliardes Almeida.
Michael aluno do IFBA, explica sobre a importância do técnico, “podemos desenvolver propostas para resolver problemas, em vários setores. E realizar nosso trabalho aqui, de forma a contribuir para o desenvolvimento do lugar onde nascemos”. Por isso não podemos permitir que eles fizessem o curso aqui e saiam deste município com a desculpa de não ter campo para atuar. Porque temos sim” afirma o coordenador regional da educação básica Giliardes Almeida.
O Diretor do IFBA, Robson Menezes, reconhece que existe essa dificuldade. E que um dos fatores que impedem a efetivação do estágio é a falta de informação, pois algumas escolas afirmam que não tem verba para contratação de técnicos. Mas o que elas não sabem é que “essas atividades não precisam necessariamente ser remuneradas, pois contam como carga horária obrigatória”, o acrescenta.
Segundo Giliardes Almeida, “Em algum momento pensamos na possibilidade de trazer esses técnicos em formação para recuperar os computadores que estão em desuso, então conversamos com Robson, que nos trouxe essa proposta em novembro do ano passado. Mas, ele não nos procurou mais”. E como IFBA havia sinalizado o NRE sobre as possibilidades de estágio, o representante do Núcleo regional de Educação em Seabra, ficou aguardando a resposta, porém, as coisas não aconteceram como esperávamos. De maneira que hoje tem laboratório, mas não tem um profissional, conta ele.
Foi realizado um trabalho de campo, sondagem, visita algumas escolas. Visto que tinha laboratório, mas, a prefeitura, secretaria de educação ou a escola indicava pessoas que não tinha conhecimento específico dos programas. No entanto, na tentativa de parceria, com antigo secretário de educação, a antiga gestão havia informado que teria como comporta-los para essas salas de informática, afirma Robson.
Menezes acredita que esse problema pode ser resolvido por meio de parceria. Que antes havia entre estado e município, mediante a necessidade do município que há um tempo, não tinha recurso suficiente para suprir as demandas do ensino, pois a mesma verba que era direcionada para o Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado (CEMAEE) era destinada para o Fundamental 2. Diante disso o Estado resolveu arcar com parte do recurso que faltava, explica Edna Nascimento, Secretária do Núcleo Regional de Educação.
Com essa parceria as salas de informática passaram a ser de responsabilidade não somente do Estado, mas do município. Mas, como o contrato não foi renovado há uma limitação de recursos, nas escolas estaduais de Seabra, acrescenta Edna. Essa situação contribui para evasão escolar e o baixo desempenho e rendimento escolar, desses alunos, de maneira que esses resultados são refletidos no Índice de Desenvolvimento de Educação básica, que em 2017, pontuou Seabra com índice menor que 5.
Um dos fatores que impossibilita o aumento desse índice está no fechamento dos laboratórios de informática, que esbarra em um dos recursos necessários para o desenvolvimento do aluno. No entanto Giliardes afirma se empenhar para que eles voltem a funcionar a fim de que “os futuros técnicos” possam estagiar nessas escolas, e assim solucionar esses problemas “pois, a prática é tão importante quanto à teoria, e se retomarmos o projeto dar certo” afirma ele.
A partir dessa realidade é possível perceber uma maior possibilidade de estágio para esses alunos, que precisam por em prática seus conhecimentos adquiridos no curso, que engloba a instalação, desenvolvimento de softwares até a manutenção desses aparatos tecnológicos.
Para o coordenador do Núcleo Regional de educação ”esse conhecimento se faz necessário, não somente pela demanda do (a)s aluno (a)s, mas porque a inclusão digital permite a esse (a) jovem melhores possibilidades de inserção no mercado de trabalho”.
A importância da inclusão digital nas escolas
A inclusão digital se torna possível graças às novas tecnologias da comunicação e informação (NTCI). Michael Oliveira, aluno do IFBA, define essa inclusão como “uma ferramenta capaz de melhorar a educação”. Mas será que elas são capazes de realizar essa tarefa sem o auxílio do (a) professor (a)? “As ferramentas digitais nunca vão substituir o papel do professor” afirma Thiago Machado, aluno do IFBA. Pois o (a) educador (a) atua como mediador do processo de construção do saber.
Alguns professores do IFBA, como Nelson Gomes, utilizam essas ferramentas, como forma de complementação e/ou revisão de conteúdo, bem como as comunidades virtuais que permitem interagir com outros grupos, seja no compartilhamento desse conteúdo seja pela facilidade do Download, ou pela realização de fóruns de discussões on-line, que possibilita troca de conhecimento adquiridos em sala de aula, por meio de recursos que não se limitam ao tempo e/ou espaço.
Ana Leão, diretora do CES acrescenta “não tem mais desculpas, para não usar os recursos tecnológicos”. De certo que cada escola tem uma realidade, que varia de acordo com as possibilidades ofertadas, tanto para o (a) professor (a) quanto para o (a) aluno (a).
As NTCI prometem auxiliar no processo de ensino aprendizagem
As novas tecnologias da comunicação e informação são facilitadores do processo de ensino-aprendizagem e foi pensando nisso que estudantes como Thiago Machado estudaram a possibilidade de inserir aplicativos como o Trello, no processo de organização das atividades por meio de um cronograma digital, nas redes de ensino, que é compatível tanto para o celular quanto para o computador.
O professor Rabelo julgou interessante essa ideia, pois esse aplicativo facilita a vida de estudantes que têm dificuldades quanto à organização das atividades escolares.
Acesso as Novas Tecnologias da Informação
As novas tecnologias da informação e comunicação (NTCI) possibilitam não somente o acesso a aplicativos, mas, a programas de Software Livres. Um deles é o Linux, que além de ser compatível com todos os computadores oferece instabilidade, pois é difícil perder arquivo, raramente precisa fazer manutenção e é seguro porque a probabilidade de “pegar” vírus é muito menor que os programas convencionais.
Outras vantagens que o programa oferece é que o (a)s usuário (a)s podem modificar as configurações do sistema de acordo com as necessidades da empresa ou pessoa física, de forma a economizar espaço na memória do(s) computador (e)s e copiar os programas sem precisar se preocupar com licença ou multa.
Fonte: Quezia Santos
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