bd9e3db491fb02822ee0fd2c8e6e00c2

Terça-feira, 23 de Abril de 2024
Região

Agricultores cultivam e distribuem alimentos sem veneno para a população da região – Foto: Reprodução

Tomate, tangerina, melancia, beterraba, cebola, milho, alface, rúcula, agrião. Uma diversidade de frutas, legumes e hortaliças cultivadas e processadas sem nenhum tipo de agrotóxico, inseticida, pesticida ou adubo químico. Esse é o cenário da agricultura familiar com base agroecológica utilizada no cultivo de alimentos saudáveis em diversas regiões da Bahia.

Neste sábado (20), a Coordenação Geral de Ações Estratégicas de Combate à Fome visitou duas unidades de produção primária vegetal em Ibipeba e uma unidade de processamento de vegetais no município de Barro Alto, ambos na Região de Irecê, na região da Chapada Diamantina.

“É uma agenda muito importante e podemos perceber que não é à toa que Irecê é conhecida como território agroecológico. É uma diversidade de alimentos limpos e sem veneno distribuídos nesses hectares de terra”, afirmou o Coordenador-geral de Ações Estratégicas de Combate à Fome, Tiago Pereira, ao pisar no chão da plantação de 9 hectares em um território de 7,5 hectares de terra no povoado onde o agricultor Antônio Aloísio cultiva uma variedade de plantas e alimentos: “Essa diversidade inclui milho, tomate. Temos cebola, cenoura, beterraba, temos a área também de hortaliças, aipim, tomate salada, repolho e muitas outras coisas”, conta Aloísio, que semanalmente abastece famílias da região com alimento fresco, seguro e nutritivo. “Além dessas pessoas, eu também consigo vender pra fora. A gente entrega nas cooperativas, tem escolas semanais para famílias e entrega pra merenda escolar também.”

A equipe caminhou entre as plantações e, após alguns passos, encontrou um pé de tangerina entre as frutas e legumes. É a plantação do agricultor Joaquim Sodré, que acredita no poder dos alimentos orgânicos para a saúde dos baianos: “Na verdade, trabalhar com orgânico é tudo. Orgânico é saúde. A gente trabalha com saúde e saúde é tudo. A gente não usa nada de veneno. Nós trabalhamos com esterco, palha de mamona como coberturas, nós não usamos nada que prejudique o solo e a vida”, celebra Joaquim.

Joaquim e Antônio são agricultores e vizinhos. No entanto, não há competição ou rivalidade entre eles, mas colaboração e esforço coletivo. Não se vê nem uma cerca separando seus quintais. Eles se ajudam, conta o trabalhador: “A gente tem um grupo. No nosso grupo, tem 12 pessoas. Cada um tem sua propriedade e tem a hora que está mais apertado para o trabalho. Então, a gente faz um mutirão. Aí junta o pessoal todo, filho, esposa, faz um mutirão na mesma propriedade e depois faz na propriedade de Antônio. Então, é uma parceria”.

Raramente, os trabalhadores vão ao mercado comprar comida, porque eles já têm os melhores alimentos que precisam, e quando um não tem algo específico, geralmemte, um agricultor do grupo o tem e abastece o colega. Ao consumirem poucas embalagens que guardam os alimentos industrializados, os agricultores também geram menos lixo para a natureza, mostrando mais uma parte da sustentabilidade promovida pela agricultura familiar.

Parte do alimento cultivado pelas unidades primárias passa pela unidade de processamento vegetal Orgânicos do Quintal, em Barro Alto, cidade vizinha. A coordenação do Bahia Sem Fome conheceu de perto o trabalho da agroindústria gerida pelos irmãos Mateus e Paula Ferreira. Na agroindústria, são processados alimentos saudáveis, sem nenhum tipo de veneno, com zero ou baixíssimo teor de açúcar. São mais de 70 itens certificados, entre extratos de tomate, geleias, doces e temperos. “Nem no extrato de tomate a gente põe açúcar, como os vendidos no supermercado. A gente remove a acidez utilizando a cenoura do nosso próprio cultivo”, explica Paula Ferreira, atual coordenadora do projeto Agroecologia em Rede: Mais Alimento Mais Vida, apoiado pela Rede CAR junto à Rede Povos.

Paula também é integrante da Rede de Agroecologia Povos da Mata, que é um OPAC (Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica). É o OPAC o responsável pelo credenciamento dos agricultores certificados no Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica (SisOrg), órgão administrado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do governo brasileiro em conjunto com o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). A Rede é o único sistema participativo de certificação da Bahia de produtos orgânicos produzidos no estado.

Para um agricultor se certificar, aderindo ao sistema, precisa se vincular a um grupo com no mínimo de três agricultores que não produzem alimentos com veneno, conforme explica Paula Ferreira: “Então, eles se vinculam ao núcleo mais perto e começam a fazer o processo de certificação, quando são realizadas duas entrevistas a cada ano”.

O estado da Bahia está em fase de regulamentação da Lei de Agroecologia e Produção Orgânica (Lei n.º14.564, de 16 de maio de 2023), sancionada ainda no mês de maio de 2023 pelo governador Jerônimo Rodrigues, sendo seu primeiro projeto de lei enviado a Assembleia Legislativa do Estado da Bahia – ALBA.

Fonte: Ascom BSF/Camila Fiuza



Compartilhar no Whatsapp