Terça-feira, 25 de Fevereiro de 2020
Educação

Moradores do Vale do Capão, que fica no distrito de Caetê-Açu, município de Palmeiras, na Chapada Diamantina, se organizaram e revitalizaram a única escola que existe para atender a demanda dos alunos de ensino médio na vila – um dos maiores pontos turísticos da região. A escola é um anexo do Colégio Estadual Nildes Xavier, que fica localizado na sede do município e é responsável pela gestão do anexo no Capão.

Antes da construção da unidade escolar na vila, os alunos precisavam percorrer 20km nas estradas de barro que estão em péssimas condições de conservação,  correndo inclusive, risco de morte.

Imagem mostra como era o colégio antes da reforma dos moradores - Foto: Divulgação 

Além do fato dos alunos terem que pegar a estrada todos os dias para estudar em Palmeiras, a turma de ensino médio frequentava as aulas numa sala cedida por uma outra escola de ensino fundamental municipal, que há dois anos solicitou a sala de volta, porque estava enfrentando problemas de superlotação. Isso foi mais um motivador que fez a comunidade se organizar para resolver o problema.

Os moradores, então, pleitearam ao Estado a construção de uma escola para atender a demanda, mas o governo, naquele momento, estava numa ação de desativação de todos os anexos e foi aí que decidiram resolver a situação por conta própria. Começaram organizando eventos como rifas, feijoadas, brechós, ‘halloweens’, sempre com foco em arrecadar fundos para a construção.

A mobilização deu origem a parceria entre o movimento ‘EduCapão’ e a Associação de Pais, Educadores e Agricultores de Caeté-Açu (Apea-CA). A Apea-CA é a organização que representa a comunidade juridicamente com a intenção de facilitar nos trâmites burocráticos e também para dar seriedade e transparência nas ações desenvolvidas. Tudo foi feito com a participação também dos jovens que seriam os maiores beneficiados. Conforme dados apurados pelo Jornal da Chapada, a comunidade entende que não adianta apenas os adultos pensarem por eles, eles também deveriam ter opinião e ajudar com suas ideias na construção da escola que iria resultar numa melhor qualidade de vida.

Eliana Lopes Moreira, de 54 anos, massoterapeuta, moradora da vila do Capão há 20 anos, é mãe de uma garota do 2° ano do Ensino Médio que é aluna da escola, conta um pouco do processo. “A ideia também é que a escola, além de cumprir com a carga horária da grade curricular regular, proponha outros aprendizados que são muito presentes no Capão como saúde, meio ambiente, construção, cuidados com o corpo e terapias”, relata Moreira, que também é uma das organizadoras do movimento ‘EduCapão’.

Outro ator importante nesse processo foi Wilson Rocha, vice-prefeito de Palmeiras, mas apesar do cargo, sua grande contribuição foi pessoal, por conta do laço familiar com a vila. O terreno onde a escola foi construída foi uma doação de seu tio, Rufino Rocha, em 1951. Eliana contou ainda que, no total, estima-se que foram investidos um valor em torno de R$120 mil e que quem não podia doar dinheiro doou material de construção e mão de obra.

As aulas na escola já se iniciaram. O estado assumiu a contratação dos professores, o município assumiu os funcionários de limpeza e merenda. Mas o movimento ‘EduCapão’ continua, porque os membros querem ampliar a escola, construir a cantina e aumentar o número de salas.

Fonte: Com informações do Jornal da Chapada



Compartilhar no Whatsapp