Sábado, 18 de Agosto de 2018
Política

O município de Irecê, 480 km da capital baiana, é a sede de uma região composta por 14 municípios que dependem do seu comércio e dos atendimentos do seu polo médico/hospitalar.

Deveria ser a soma destes 14 colégios eleitorais – Lapão, Barro Alto, Canarana, Barra do Mendes, Ibititá, Ibipeba, João Dourado, América Dourada, Uibaí, Presidente Dutra, São Gabriel, Jussara, Central e Itaguaçu da Bahia – que daria a força política que a região tanto precisa. Só que não.

Há 22 anos a região de Irecê não tem um representante federal, e há 6 a região não elege um filho da terra como representante no legislativo estadual. O último representante Federal do platô de Irecê foi Beto Lélis, em 1996, e o Estadual foi Zé das Virgens, que findou seu mandato em 2008 para assumir a cadeira de prefeito de Irecê em 2009. Joacy Dourado e Luizinho Sobral assumiram como suplentes entre anos de 2011 e 2012.

Nas últimas eleições este celeiro de votos, que conta com 14 municípios e tem capacidade de eleger facilmente um deputado federal e dois estaduais, tem servido apenas como cocho para alimentar de votos os deputados ‘estrangeiros’ trazidos pelas mãos dos infinitos cabos eleitorais e vereadores.

Após a morte política dos últimos representantes da região, segue ainda na luta nomes como o de Militão, candidato a deputado federal pelo PHS, e o do petista Jacó, que disputa este ano, pela segunda vez, uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia.

A região ainda tem alguns sobreviventes da velha política tentando uma cadeira no legislativo baiano. Os ex-prefeitos Zé Carlos da Cebola (MDB), de São Gabriel, e Luizinho Sobral (Podemos), de Irecê, que é filho do ex-prefeito Sobral.

Nova geração

Mas, para a alegria de todos e felicidade geral da região, novos nomes estão surgindo no cenário político do Platô de Irecê. Gente nova com ideias diferentes que representam bem uma geração que saiu para estudar, se formou e voltou, e àqueles que ficaram, sofreram e hoje buscam melhorias para essa região de enorme potencial agrícola e cultural.

Hoje existem três candidaturas que devem ser levadas a sério. Cada uma delas traz uma história diferente de vida, que desagua na vida pública. Histórias que lhes incentivaram a fazer parte de uma nova safra de políticos do Brasil. São eles: Rafael Medeiros, Aurélio Dourado e Meirinha.

Rafael Medeiros, graduado em enfermagem e direito, escritor e cadeirante

Rafael tem uma história de vida digna de um livro. Perdeu o pai assassinado de forma banal. Em seguida perdeu um primo, a irmã e a mãe em acidente de carro que o deixou cadeirante. Deprimiu, voltou, estudou e se formou em direito e enfermagem. Escreveu livros e os vende para arrecadar dinheiro e comprar cadeiras de rodas para quem necessita.

Hoje Rafael Medeiros é candidato a deputado estadual pelo PTB. “Eu acredito que posso fazer alguma diferença para a nossa sociedade. Quero estar na Assembleia Legislativa para trabalhar, não para fazer política. As principais bandeiras que eu defendo, que são os dos portadores de deficiência e dos profissionais de enfermagem, não têm legendas políticas pregadas em suas necessidades. Eles têm necessidades que é o poder público que tem a obrigação de dar atenção e resolver”, disse o candidato a estadual o Rafael Medeiros.

Medeiros conta com importantes apoios que surgiram de forma expontânea. “Minha candidatura nasceu de forma natural. E as pessoas acreditam nas minhas intenções. Isso é reconfortante. Um dia eu estava no aeroporto e me encontrei com o também cadeirante Agenor Gordilho que é um dos diretores do Vitória. Ele me chamou na casa dele e me disse que vai me apoiar e fazer campanha. Isso é gratificante”, comemorou Rafael. “E nesta terça, 14, eu estava em casa e recebi uma ligação do Popó pedindo que eu fosse à casa dele. Fui muito bem recebido e ele disse que vai me apoiar e que eu tenho o voto dele e de toda a família dele. São apoios que literalmente me estimulam a lutar”, concluiu Medeiros.

Aurélio Dourado, administrador e empresário

Aurélio é o representante legítimo da tradicional família Dourado da região de Irecê, que tem uma história política desde os tempos dos coronéis. Ele é bisneto de Renério Justiniano Dourado que foi nomeado prefeito de Irecê pelo Interventor Landulfo Alves em 7 de julho de 1938. Conta a história que no mesmo mês, volta para a Secretaria do Ministério da Viação, o engenheiro Edgar Autran Dourado e, que com esta nomeação, voltam a liderar politicamente Irecê: Autran Dourado, cel. Teotônio Marques Dourado Filho e Renério Justiniano Dourado.

Aurélio Dourado é candidato a deputado federal pelo MDB. “Tenho a política no meu sangue. Não tem jeito, eu gosto. Mas o que eu não gosto é de ver a forma com essa turma que está aí lida com o dinheiro público. Meus exemplos são outros. Meu bisavô, por exemplo, foi quem executou as determinações do decreto 311 de 2 de março de 1938, que estabeleceram os limites municipais, intermunicipais e as áreas urbanas e suburbanas de Irecê. Foi ele que em novembro de 1938, com apenas cinco meses de administração, instalou a iluminação pública da cidade com lâmpadas incandescentes. Ele adquiriu um rádio para a prefeitura e melhorou trechos de algumas estradas vicinais. No dia 29 de janeiro de 1939, ele inaugurou a Biblioteca Pública Municipal Ruy Barbosa, que fica ali na Praça da Prefeitura”, conta com orgulho o candidato a deputado Federal. “Na solenidade de inauguração quem falou foi o Dr. Mário Dourado Sobrinho, que hoje dá nome a praça em frente à Biblioteca”, conclui Aurélio.

“Minha candidatura pela região é uma questão de honra. Vou representar minha terra e trabalhar por ele. Isso eu já decidi. Quando isso irá acontecer e de que forma, a história dirá. Tenho o apoio e o respeito da minha família”, afirmou Aurélio.

Meirinha, vereadora, administradora e portadora de nanismo

Meire Joyce Souza Figueiredo, a Meirinha, tem 36 anos e, do alto dos seus 85 centímetros de altura, exerce o mandato de vereadora em Irecê, sendo a única portadora de nanismo com mandato no Brasil. A filha de Dona Maria, uma ex-lavadeira de roupa, iniciou sua vida de trabalho aos 10 anos de idade. Superou todos os desafios e lutou para ser incluída na sociedade, sem preconceitos ou piedade. Trabalhou como produtora de eventos, coordenou duas campanhas eleitorais até se colocar como candidata.

Meirinha é administradora de empresas formada pela UESSBA – Faculdade do Sertão, pós-graduada em Gestão de Negócios e Empreendedorismo pela FACEBBA e Visconde de Cairu. Está em fase de conclusão de pós-graduação em Educação à Distância e em fase final do curso em Educação Popular na Saúde pelo EDPopSUS. Meirinha também é assistente administrativa e discente da turma de Gestão Pública e Administração na FAEL.

“A história mostra que a região de Irecê precisa de um representante federal. O primeiro deputado federal eleito da região foi Stoessel Dourado no final da década de 70. Depois dele tivemos Celso Dourado, que foi Deputado Constituinte eleito em 1986 e ajudou na elaboração da Constituição que vigora hoje no Brasil. E por último Beto Lélis, eleito 1996 e que teve um mandato de apenas 2 anos, quando desistiu e se tornou prefeito de Irecê” conta Meirinha.

“Como tenho dito a minha candidatura busca o fortalecimento regional e está sendo vista com bons olhos. Precisamos ter candidaturas legítimas e locais, e eu me sinto muito feliz em fazer parte dessa nova geração da política brasileira. Eu, por indicação do Partido Rede Sustentabilidade, decidi lutar por uma cadeira na Câmara Federal e estou decidida a ganhar. A política precisa de sangue novo e que brigue pela inclusão social. O povo clama por renovação”, concluiu Meirinha, candidata a deputada federal.

Fonte: Veja Política



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