Sexta-feira, 29 de Junho de 2018
Chapada Diamantina

Menções à região da Chapada Diamantina muitas vezes remetem à natureza abundante, preservação do meio ambiente e um estilo de vida mais saudável. Em busca desse importante ativo simbólico, a empresa Bioenergia Orgânicos assinou nesta sexta-feira (29), na Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), protocolo de intenções para instalar uma processadora de frutas orgânicas no município de Lençóis. Com investimento de R$ 20 milhões, a empresa baiana pretende fabricar 40 toneladas/dia do produto em uma primeira etapa. A perspectiva é de empregar até 2 mil pessoas, de forma direta e indireta, no auge da sua capacidade, que será de 110 toneladas/ano, em alguns anos. O faturamento anual previsto é de R$ 100 milhões.

Natural da cidade de Ruy Barbosa e adepta da alimentação equilibrada, a secretária Luiza Maia deu as boas vindas à empresa. “Espero que produzam muito e ajudem nossa economia a crescer. A Bahia e o Brasil precisam disto. Aproveito para destacar a preocupação da empresa com as práticas orgânicas. Até mesmo o adubo usado nas árvores frutíferas provêm de gado criado de forma orgânica pela empresa”, disse. A Bioenergia existe há cerca de uma década, porém nesse período tem se dedicado, juntamente com a unidade da Embrapa de Cruz das Almas, à pesquisa para a escolha e desenvolvimento de espécies adequadas aos seus objetivos. A opção pela Bahia deu-se após estudos prévios também realizados em Pernambuco e no Ceará.

“Mas foi aqui que encontramos as condições ideais para dar início ao nosso projeto”, explica Oswaldo Araújo, um dos sócios da empresa. Além dos pormenores técnicos, ele entende por condições ideais os conceitos básicos que definem a Bionergia: fruticultura orgânica, sustentabilidade, respeito ao meio ambiente e inclusão social: “Tínhamos em mente um local em que fosse mais fácil desenvolver práticas sustentáveis e de inclusão social e onde não houvesse a prática da produção com agrotóxicos; encontramos isso na Chapada”. A certificação orgânica, segundo ele, será feita pelo instituto IBD.

Na primeira etapa, a marca Bioenergia não será vista nas gôndolas dos supermercados, nem haverá uma grande variedade de frutas. Toneladas de polpa de abacaxi, manga e maracujá serão envasadas em bombonas de 200 litros e vendidas a empresas produtoras de alimentos do mercado interno e externo. Não se trata de concentrado, uma vez que a água natural das frutas será preservada. Será possível, por exemplo, consumir a polpa diretamente como suco, sem a mistura de qualquer outra substância. E o mais importante, sem conservantes. O processo de produção será automatizado e com uma técnica de assepsia que possibilitará o consumo em até dois anos, sem necessidade de refrigeração, mantendo as características originais.

Inclusão

A Bioenergia adquiriu 3,5 mil hectares de terra no distrito de Tanquinho e pretende preservar 50% da área, 30% a mais que a obrigação legal, utilizando a água do Rio Santo Antônio, afluente do Paraguassu. Ela produzirá parte da matéria prima a ser processada, mas contará também com uma rede de produtores da agricultura familiar que receberão qualificação e mudas. A empresa comprará deles até 100% do que colherem. Há um projeto para incluir produtores de mais de 30 municípios do entorno. Atualmente, grande parte dos trabalhadores são oriundos das comunidades quilombolas de região.

Outro diferencial da empresa é o desperdício zero. As partes da fruta desprezadas no processamento serão destinadas à fabricação de subprodutos absorvidos pela indústria de fármacos, cosméticos e outras. Há planos futuros para aumentar a variedade de frutas e destiná-las ao mercado de forma in natura. Outra possibilidade é a atração de empresas sistemistas fabricantes de produtos à base de frutas, copiando o modelo adotado pela Ford, em Camaçari. Com isso, evita-se a bitributação tornando os preços mais competitivos.

Fonte: Ascom/SDE



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