Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2025
BAHIA

Pano de fundo do embate é a construção da chamada 'super chapa dos vencedores', que reuniria os três últimos governadores petistas —  Foto: Reprodução

A disputa entre PT e PSD, mirando as eleições de 2026, tem intensificado os atritos na base do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT). Enquanto os petistas almejam ocupar as duas vagas ao Senado, o que excluiria o apoio à reeleição de Angelo Coronel (PSD), o espaço do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) passou a ser disputado por membros do partido comandado nacionalmente por Gilberto Kassab.

O pano de fundo da disputa é a construção da chamada “super chapa dos vencedores”, que reuniria os três últimos governadores petistas. Além de Jerônimo, que tentará a reeleição, o PT quer manter Jaques Wagner no Senado e emplacar Rui Costa, atual ministro da Casa Civil, na outra vaga. Este arranjo exclui Coronel, que já ameaçou deixar a base do governo.

Já os argumentos para retirar Geraldo da chapa de 2026 se baseiam em seu desempenho na eleição municipal do ano passado, quando teve o apoio das dez siglas da base na corrida pela prefeitura de Salvador. A avaliação é que ele saiu fragilizado da disputa. O prefeito Bruno Reis (União), apoiado por ACM Neto, se reelegeu com mais de 78% dos votos. O emedebista, por sua vez, teve pouco mais de 10%, ficando numericamente atrás do candidato do PSOL, Kleber Rosa.

Diante das tentativas de tirá-lo, Geraldo Júnior evita confirmar sua presença na chapa de reeleição, mas reforça que, por ocupar o cargo, tem preferência.

— Quem decide isso é o conselho político, e essa decisão será tomada no tempo certo. As pessoas ficam ansiosas, mas o importante agora é governar ao lado do governador Jerônimo Rodrigues e seguir entregando resultados para o povo baiano — afirmou à imprensa.

Presidente de honra do MDB, o ex-deputado Lúcio Vieira Lima afirma ter “tranquilidade” de que o MDB será contemplado na nominata e nega que Geraldo tenha saído enfraquecido das eleições municipais. Para ele, a derrota foi de toda a base governista, não apenas do MDB. Ele destina suas críticas ao PT:

— Rui Costa e sei lá mais quem resolveram sair para o Senado, e agora essa chapa puro-sangue do PT pode nos complicar como um todo. Essa antecipação das eleições de 2026 já está gerando ruído. Daqui a pouco, vai surgir mais problema.

Os ruídos citados por Lúcio Vieira Lima envolvem o senador Angelo Coronel. O acordo para a vice passaria pelo presidente estadual do PSD, senador Otto Alencar, mas não incluiria Coronel.

Este último tem articulado uma estratégia na Assembleia Legislativa, onde também disputa espaço com o PT. O presidente da Casa, Adolfo Menezes (PSD), deve ser reeleito para o terceiro mandato consecutivo na próxima segunda-feira. Apesar de contar com o apoio de de 60 dos 63 deputados estaduais, Menezes enfrenta um questionamento judicial devido a uma jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) que impede reeleições na mesma legislatura.

Diante da possibilidade de uma intervenção, a disputa pela sucessão já movimenta os bastidores. Coronel busca emplacar seu filho, Angelo Coronel Filho, na primeira vice-presidência, o que o colocaria na linha de sucessão. No entanto, o petista Rosemberg Pinto também disputa o cargo. Sem consenso, Coronel articula uma mudança no regimento interno da Assembleia para que, em caso de afastamento de Menezes, novas eleições sejam convocadas imediatamente. A proposta, que visa impedir que o PT assuma o comando da Casa, deve ser votada amanhã, mesmo durante o recesso parlamentar.

Sob críticas de aliados

Após 18 anos no comando do estado, o PT é criticado pelas demais nove siglas da base, como PCdoB, PV, Avante, MDB e PSB, por querer ocupar todos os postos majoritários. O presidente estadual do PSD, senador Otto Alencar, contudo, minimiza as rusgas:

— É muito precoce discutir a sucessão de 2026.

Wagner afirma que não abrirá mão da reeleição. Já Jerônimo Rodrigues tenta acalmar os ânimos.

— Eu estou em 2025 ainda. Os movimentos de agora acabam desenhando, mas o momento agora é de estabilidade — disse na segunda-feira.

Fonte: O Globo



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