O ex-governador Geraldo Alckmin, que esta de saída do PSDB, se pronunciou pela primeira vez, na sexta-feira (12), sobre a possibilidade que vem sendo ventilada nos bastidores políticos de ser candidato a vice em uma chapa com Lula (PT) à presidência em 2022.
Segundo o quase ex-tucano, que deve ir para o PSB ou PSD, suas diferenças com o petista não são “intransponíveis”. “Já disseram que vou ser candidato ao Senado, a governador, a vice-presidente. Vamos ouvir. Fico muito honrado da lembrança do meu nome”, declarou Alckmin.
A fala se deu durante a gravação do reality show “Político”, comandado por Márcio França (PSB), pré-candidato ao governo de São Paulo. Ciro Gomes (PDT) também esteve presente. “A política tem de ser feita com civilidade, temos de resgatar a boa política, precisa ser feita com quem tem apreço pela democracia”, disse ainda Alckmin, que emendou afirmando que Lula possui essas características.
Perguntado diretamente se seria candidato a vice na chapa do petista, o ex-governador declarou: “Vamos amadurecer e depois a gente vai conversar”. Segundo ele, uma decisão sobre a candidatura “não é para já”. Márcio França, por sua vez, defendeu a aliança entre Alckmin e Lula: “Ele (Lula) precisa buscar um eleitor que não é dele, que não votou nele”.
Gleisi nega
Apesar das notícias darem conta de que há conversas entre lideranças do PT e interlocutores de Alckmin para uma possível aliança, a presidenta do partido de Lula, deputada Gleisi Hoffmann (PT), foi às redes sociais na última quarta-feira (10) para dizer que não há tratativas neste sentido.
“AVISO: a agenda de conversas do PT e do presidente Lula é do tamanho do Brasil, mas ñ estamos tratando c/ ninguém s/ candidato a vice. A formação de uma chapa será fruto do processo político e ñ será condicionada por disputas regionais em nenhum estado, por mais importante q seja”, escreveu a dirigente.
Marinho confirma
As conversas entre lideranças partidárias neste sentido, já noticiadas pela Fórum em abril deste ano e que se tornaram destaque na mídia comercial nos últimos dias, foram confirmadas no último domingo (7) por Luiz Marinho (PT), presidente do PT paulista.
“O momento é de conversas, diálogo, construções de pontes. Para o primeiro e o segundo turnos. Assim é a política. Sabemos identificar quem são nossos adversários para a retomada do Brasil da esperança”, disse o petista, que é ex-prefeito de São Bernardo do Campo, ao jornal Diário do Grande ABC.
Marinho, assim como outros correligionários que têm falado sobre o assunto, porém, procurou ponderar: “Tem muita água para correr sob a ponte das eleições. Aguardemos”.
“Único tucano que gosta de pobre”
De acordo com a jornalista Thais Oyama, Lula já teria dito a aliados que, apesar dos embates políticos do passado, “sempre” gostou do ex-governador e que Alckmin seria “o único tucano que gosta de pobre”.
Ambos já teriam se encontrado ao menos três vezes este ano para discutir a possibilidade. A maior rejeição de Lula está justamente em São Paulo, estado que Alckmin já governou por 12 anos, em mandatos diferentes. Uma ida do tucano para o PSB seria uma das condições para viabilizar a chapa.
Segundo a jornalista, Alckmin teria dito a aliados que Lula não é uma ameaça à democracia como Bolsonaro e que a “atitude extrema” de estar ao lado dele seria justificada pela oposição ao presidente. A maior dificuldade para o avanço dessas conversas, no entanto, seria o fato de que o ex-governador teria interesse em, mais uma vez, disputar o Palácio dos Bandeirantes.
De saída do PSDB e flertando com o PSD de Gilberto Kassab, a articulação para que Alckmin fosse candidato a vice na chapa de Lula passaria por sua filiação ao PSB, legenda historicamente aliada ao PT.
Fonte: Revista Fórum
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