Produtores da região turística colhem resultados recordes com a Amora Preta
Gerar renda em uma propriedade pequena e manter os filhos crescidos no local de origem, no interior, não é uma tarefa fácil. Esse problema também aconteceu com Denevaldo Luz, conhecido como Barão, produtor de morango em Barra da Estiva, na Chapada Diamantina, município distante 465 quilômetro de Salvador.
Antes de 2012, ele plantava café na sua propriedade, e, com a crise hídrica, preços abaixo do mercado e falta de investimentos, não enxergava mais a possibilidade de continuar na sua terra natal. Iria voltar para São Paulo em busca de novas oportunidades, mas acreditou em uma nova cultura, o morango. “Eu já tinha vendido tudo. Estava sem esperanças e ia viajar em poucos dias. Com o Morango a minha vida mudou. Consegui minha casa, comprei meu carrinho novo e meus filhos vivem bem. Agora estou com mais um desafio, e apostando na amora preta”, avalia o produtor.
Barão colhe os morangos de dois em dois dias na sua propriedade e conta com a ajuda do filho, da esposa e de outros colaboradores para embalar e revender para uma empresa, que absorve grande parte do que ele produz.
O agricultor já vê na Amora uma nova oportunidade de agregar valor à sua produção, utilizando os mesmos meios e a própria logística da produção do morango. “Estou confiante e com a expectativa melhor possível. Acredito que a Amora será um grande diferencial para nós produtores da Chapada. Não tenho estudo, mas hoje tenho um salário muito bom, que eu tiro através da comercialização das frutas”, diz.
Em 2011, o Sebrae Bahia em parceria com o Governo do Estado implantou o projeto Morango da Chapada Sul, através de um encadeamento produtivo entre a empresa Bagisa S/A Agropecuária. O projeto contemplou os municípios de Barra da Estiva e Mucugê, em parceria com os agricultores familiares e prefeituras municipais. A iniciativa fez com que a Chapada Diamantina se tornasse, em três anos, a região mais competitiva fornecedora de Morangos no mercado nordestino.
Avaliando essa realidade positiva, o Sebrae encabeçou um estudo de viabilidade, dando o suporte inicial de planejamento e implantação do cultivo de AmoraPreta, a conhecida blackberry. Fruta bem avaliada no mercado e está sendo consumida pelo alto teor de oxidantes e compostos naturais que trazem benefícios à saúde. A princípio, o Sebrae realizou palestras de mobilização com produtores de morango, em parceria com a empresa especializada Holantec, e após a adesão, implantou o projeto piloto com um grupo experimental de 18 agricultores de Barra da Estiva.
Adriana Moura, coordenadora de Agronegócios do Sebrae, destacou a importância de apostar em novas oportunidades de atuação no mercado. “A amora foi um desenvolvimento natural das estratégias para contemplar outras ações de comercialização, agregando valor e renda ao que é produzido pelos agricultores familiares da Chapada Diamantina”, explica.
O secretário de Agricultura de Barra da Estiva, Luis Eusébio está entusiasmado com a nova cultura e diz que é fundamental o apoio do Sebrae para os pequenos agricultores da Chapada. “A Expectativa é aproveitar a cadeia produtiva e a logística do morango, comercializando a amora nos grandes centros. Estamos confiantes com a produção e os produtores felizes com os resultados iniciais”, ressalta.
O desafio então foi produzir amora de forma eficiente com um clima que não é totalmente propício. Para o técnico do Sebrae em Seabra Heitor Marback, a introdução de tecnologia aliada ao manejo orientado é responsável pela produção acima da média, nessa primeira colheita. “Já conseguimos produzir mais do que em cidades com clima frio e que têm tradição na colheita de amora. Com a parceria da Holantec, inserimos tecnologia e as plantas produzem como se estivessem submetidas a baixas temperaturas. Sem tecnologia, provavelmente teríamos uma produção muito pequena, mas com a Indução das flores e a polinização da abelha estamos produzindo acima da média”, explica.
A técnica de produção utilizada nesta experiência na Chapada veio de Holambra e foi implantada em áreas que já existe o morango consolidado, utilizando assim o mercado e o público consumidor da fruta. Heitor ressalta que esse conjunto de fatores faz com que a comercialização seja feita de forma integrada e que baixe o custo com logística. “O quilo da amora é comercializado por até seis vezes mais do que o quilo do morango. Estamos em fase de teste, mas as primeiras colheitas já mostram resultados muito positivos”, diz.
A amora pode ser comercializada como fruta in natura ou como licor, suco, geleia, compota e, até mesmo, congelada. É muito utilizada em receitas ligths e pratos nutritivos.
Para Edirlan Souza, gerente regional do Sebrae em Irecê, a aposta na Amora é algo que pode mudar a realidade de vários agricultores da região. “Se tudo corresponder como o esperado, a produção será cada vez em maior escala, o que vai fazer da Chapada Diamantina uma das grandes regiões produtoras do País. Além de gerar emprego e renda, vai ajudar no desenvolvimento econômico local”, comemora.
Antes do sucesso das frutas vermelhas, a Chapada Diamantina já era uma região importante da Bahia, que, além de explorar o turismo, é uma grande produtora de cafés especiais exportados para vários países. Com a seca que assolou a Bahia em 2011, os agricultores perderam consideravelmente as áreas de produção e investiram em fruticultura.
Berries, as famosas Frutas Vermelhas
Entusiasmado com a grande procura da fruta e com os bons resultados obtidos na primeira colheita o produtor Uvilson Santos, do povoado de Capãozinho em Mucugê, foi além e já está plantando outras frutas vermelhas, como framboesa e boysenberry. O produtor espera revender para os grandes centros e aposta também na comercialização dos produtos em casa, com marca própria e embalagem específica para venda.
Uvilson procurou o Sebrae e vai fazer todo material de papelaria, marca e layout através do Sebraetec. “A gente nem conhecia a Amora. Foi uma festa na primeira colheita e agora já vislumbro um mercado muito próspero que inclui o público fitness e as pessoas que buscam produtos naturais. Estou produzindo e testando diversos produtos. Em breve terei marca e toda identidade visual através do Sebraetec”, aponta. As frutas vermelhas estão em alta por conta do apelo funcional, já que são frutas sem restrições em diversas dietas, como a low carb e mediterrânea.
Com a plantação de algumas variedades Uvilson pode intercalar a colheita e produzir em diversos períodos do ano. “Quero plantar pelo menos 3 mil pés de frutas vermelhas. Assim eu faço um cronograma de colheita com 750 plantas produzindo por vez e fico quase todo o ano produzindo”, planeja.
Fonte: Sebrae Irecê/ Nara Zaneli
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