Foto: Lucas Malkut / ASCOM FUNCEB
A Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Funceb/SecultBA), apresenta o resultado dos Salões de Artes Visuais da Bahia em Irecê, que está em sua 67ª edição. A mostra levará obras artísticas em uma exposição coletiva que terá abertura no dia 20 de novembro (quarta-feira), às 19h, no Memorial de Irecê – Praça Teotônio Marques Dourado Filho, s/nº - Centro, Irecê-BA, até 20 de dezembro de 2024. A entrada é gratuita.
A exposição coletiva reunirá obras premiadas e selecionadas dentre diversas modalidades artísticas, como escultura, pintura, objeto, fotografia e videoarte. Em Irecê, serão expostas obras de artistas da cidade e dos municípios de Palmeiras, Andaraí, Macajuba e Central. Segue relação de artistas: Aurora (Palmeiras); Alaido (Andaraí); AX Bastos (Irecê); Henrique Reis (Macajuba); Lenec Mota da Silva (Central); Lucas Nascimento (Central) e Mad (Palmeiras). Este ano, serão realizadas seis edições nos seis macroterritórios do estado.
Sobre os artistas e suas obras
Alaido
É artista visual e ilustrador, cuja criação é influenciada pelo cotidiano, a cultura nordestina e o imaginário popular. Desde 2016, vem explorando os espaços urbanos e a diversidade de materiais em seus processos criativos. Participou de exposições como no Sesc Petrolina (2022), Sesc Triunfo (2023) e CCBNB Sousa (2019/2023). Também esteve em projetos de arte urbana como Cowparade Salvador (2019), Origraffes (2019/2023) e Agora é a Vera (2024). Na área da cenografia, Alaido desenvolveu projetos para espetáculos, incluindo trabalhos com Mariene de Castro.
A pintura acrílica sobre tronco de árvore ‘Feixe de lenha’ traz em seu conceito a representação da força e resiliência das mulheres sertanejas. A escolha do tronco como material para a pintura busca trazer um sentido de base e suporte do ser feminino nas famílias nordestinas. A cena representada, onde se tem uma mulher carregando um feixe de lenha, acompanhada de seu filho e cachorro remonta uma atividade cotidiana das mulheres residentes na região de Igatu, Chapada Diamantina. “O ritual de ir para a lenha, além ilustrar o peso que é ser mulher em uma sociedade machista e preconceituosa, é também um momento de diversão e confidência”, reflete.
Aurora
Maria Gabriela Don, também conhecida como Gaby Água, nasceu em Mendoza, Argentina. É mãe de duas filhas. Estudou teatro na Universidade de Cuyo. É atriz e palhaça, tendo participado de várias peças de teatro e espetáculos de circo. Estudou chinês, mandarim, e ganhou uma bolsa para estudar na China, onde morou por 9 meses e viajou por vários países conhecendo diferentes culturas.
Clara Sofia Catania nasceu em Rosario, na Argentina. É artista visual, com desempenho em diversas áreas e estudos na área do cinema, fotografia e antropologia. Terapeuta formada em Medicina Tradicional Chinesa, atualmente é radicada no Vale do Capão, na Chapada Diamantina, trabalhando na área da comunicação, mídias sociais, fotografia, videografia e terapias.
O trabalho em videoarte ‘Água’ traz “a intenção de ressaltar a beleza e a simplicidade da relação que temos com a água no nosso mundo íntimo, sagrado e selvagem. A busca é conscientizar para a importância e o cuidado da água pura, fonte de vida e dos corpos e territórios, entendendo-lhes como a mesma coisa, em uma obra conceptual que usa a imagem poética procurando sensibilizar o público espectador”, dizem as artistas.
AX Bastos
Multiartista, produtor e DJ ireceense, trabalha com arte tradicional multimídia, arte digital, música e escrita, além das vivências em produção de eventos culturais. É certificado como desenhista de animação pelo IF Sul Rio Grandense, em ferramentas da Adobe pela Escola Saga de Animação e Games e estuda Administração no Campus XVI da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Sua pesquisa artística é construída também de maneira autodidata, baseada nas vivências e experiências de um corpo dissidente no sertão norte-diamantino, vinculando técnicas e saberes tradicionais com tecnologias e inteligência artificial (I.A.).
Intitulada +’Amordaça’ e ‘Pacto com Vênus’, o trabalho ‘A mordaça’ surgiu do ímpeto experimental de explorar novas técnicas e mídias, aliando-as à expressão e referência à outras peças - como a crônica escrita sobre as figuras. A temática do contraste entre o calar e o falar surgiu da interação com o trecho do texto “Tempestade de almas”, presente no livro “Onde estivestes de noite”, de Clarice Lispector. ‘Pacto com Vênus’ se propõe a ressignificar elementos antes postos. Uma madeira de descarte virou plataforma de expressão artística. “Esta vênus é símbolo da força, sensualidade, conexão com o corpo e com o território, assim como da sabedoria que advêm destes atributos. Busca transmitir a intensidade da energia sublime e sobrenatural da mulher sertaneja”, afirma.
Henrique Reis
Graduando em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (EBA-UFBA), tem formação anterior em Bacharelado Interdisciplinar em Artes (2020) pelo Instituto de Humanidades, Artes & Ciências Professor Milton Santos na mesma instituição. Em 2024, esteve presente no 3° Festival Vórtice e no 1° Circuito de Arte em Boteco, realizados em São Paulo e Salvador, respectivamente. Recebeu o Prêmio Cultura na Palma da Mão, concedido pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, em 2021.
O objeto intitulado ‘Andamento do meu processo contra a FUNCEB’, em suma, “é uma provocação à FUNCEB e como opera seus editais (esse principalmente), e uma reflexão se a apatia em recorrer e reivindicar transparência e o funcionamento correto de um órgão público não denota como a balança do poder está completamente desigual. É por fim o expurgo de um processo doloroso que se arrasta há anos. A reafirmação que há indivíduos que irão exclamar, reivindicar e esperar até receber o que é seu”, declara o artista.
Lenec Mota da Silva
Fotógrafo e filmaker, é diretor e roteirista do curta-metragem ‘Roda de São Gonçalo | Brasil Sem Limites (2024)’, operador de câmera em ‘Reconhecendo Mestres: Coroné Chico Tripa, Mestre Francisco Alves (2024)’ e em Semeando o Futuro (2024). Atuou como operador de câmera em eventos como São Pedro de América Dourada e São João de Irecê (2023) e foi corroteirista, câmera e fotógrafo em ‘Expedição Patagônia: Bolívia’. Foi diretor de fotografia do documentário ‘Brejo Grande e a Gruta dos Brejões’ (2022).
As seis fotografias da obra ‘Saga do Vaqueiro” retratam os vaqueiros como representantes da resistência e da adaptabilidade do povo sertanejo frente às adversidades do clima e do ambiente e o sustento da economia local e meios de subsistência de suas famílias por séculos. “Registrar a tradição da caça ao novilho através da fotografia é uma forma de documentação que captura não apenas a ação, mas também o ambiente, as expressões e seus detalhes, garantindo que sua história e tradições continuem, seja por sua preservação em si ou pela importância de sua essência identitária e cultural”, avalia o fotógrafo.
Lucas Nascimento
Natural de Irecê, no sertão da Bahia, vive no trânsito entre a Bahia e São Paulo. Graduado na Licenciatura Interdisciplinar em Artes pelo Centro de Cultura Linguagens e Tecnologias Aplicadas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), é artista das visualidades, com pesquisa no campo da formação da identidade. A partir de 2022, passa a fazer parte do Grupo de Pesquisa História e Cultura Afro-Atlântica sob orientação do Prof. Dr. Kleber Amancio (CECULT/UFRB) e atua como produtor no podcast Gargalheira.
Para a escultura antropomórfica ‘Imagem & Semelhança’, com 1,80m de altura e modelada em barro cru, se uniu a Matheus Freitas, artista e serralheiro natural de Santo Amaro, na Bahia. A colaboração, marcada por uma confluência de narrativas e práticas afro-brasileiras, envolveu a integração de materiais sagrados como o ferro e o barro. “A base da escultura é um disco de arado, fornecido por mainha, Sônia Cardoso de Carvalho. O processo de construção e a entrega dos materiais carregam significados profundos de sacrifício e amor”, explica o artista.
Mad
Artista visual autodidata, Mad nasceu em Salvador e reside no Vale do Capão, Chapada Diamantina, na Bahia. Sua obra provoca experiências visuais, criando um diálogo profundo e envolvente com o espectador. Com um olhar único e instigante, transforma referências oníricas e filosóficas em arte, convidando à introspecção e à meditação espiritual. A autenticidade é uma marca de sua produção, revelando uma conexão profunda com a natureza mística que o cerca. Através de suas criações, busca capturar a essência da realidade e do sonho, revelando as camadas de significados que permeiam a vida, explorando técnicas que intensificam a profundidade de suas obras.
‘Anéis de Luz’ é uma obra que convida à reflexão sobre a condição humana e a busca por autoconhecimento. Os seres sem rosto representados na pintura são uma metáfora para a humanidade em sua essência universal, desprovida de características individuais que nos separam, mas unidas por experiências comuns. “Através desta obra, é explorada a jornada interior de cada indivíduo em direção à compreensão e aceitação de sua verdadeira essência. É uma poderosa declaração visual sobre a complexidade e a profundidade da experiência humana”, revela.
Sobre os Salões de Artes Visuais da Bahia
Criados em 1992, os Salões de Artes Visuais da Bahia consolidaram-se como um dos principais instrumentos de incentivo à criação e difusão de produção artística e à dinamização dos espaços expositivos do estado da Bahia. Assim, a 66ª edição dos Salões de Artes Visuais da Bahia, que será realizada em 2024, visa apresentar ao público uma mostra contemporânea em Artes Visuais, retomando suas exposições distribuídas nos seis macroterritórios da Bahia, oportunizando o acesso a essa produção para um público diversificado, oriundo de diversas cidades do estado. Além de divulgar o trabalho dos artistas, pretende-se estimular a reflexão sobre temas das artes contemporâneas por encontros formativos e bate-papo com os artistas.
Fonte: Ascom - Funceb
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