Sábado, 31 de Julho de 2021
Chapada Diamantina

Escrito por Francisco Teixeira, ‘Chapada, Lavras, Diamantes – Percurso Histórico de uma Região Sertaneja’ preenche lacuna deixada pela falta de publicações sobre o lugar que é considerado o coração da Bahia

Localizada no centro do estado – e, por isso, conhecida sob um olhar poético como o coração da Bahia -, a Chapada Diamantina é refúgio de muita gente que quer mudar o estilo de vida ou apenas se energizar para enfrentar a rotina puxada das cidades. Vale embrenhar-se entre suas matas e rochas, banhar-se nas águas turvas, doces e frias dos seus rios e cachoeiras, sentir o afago do povo acolhedor, comer um delicioso pastel de jaca, dançar um forrozinho no São João...

Apesar de aproveitar o que o lugar tem a oferecer, o público em geral pouco sabe sobre sua história, uma vez que não temos publicações com uma abordagem mais ampla. Esta é uma das lacunas que o livro ‘Chapada, Lavras, Diamantes – Percurso Histórico de uma Região Sertaneja’ visa preencher. Escrita pelo professor e pesquisador Francisco Lima Cruz Teixeira, a obra será lançada pela Solisluna Editora, no dia 10 de agosto (terça-feira), às 19 horas, durante live no YouTube da editora baiana, com participação do autor e do sociólogo e historiador Gustavo Falcón.

Professor da Escola de Administração da UFBA por 30 anos, e, portanto, com uma profícua experiência na academia, já tendo publicado diversos artigos e textos, Teixeira optou por produzir um livro sem academicismos, voltado para todo tipo de leitor. “Destina-se ao público que se interessa pela Chapada Diamantina e pela história regional e da Bahia”, enfatiza.

Como o título sugere, a obra narra desde seus primeiros habitantes (os índios das nações maracás, paiaiás e topins), passando pelos processos de introdução da pecuária, da exploração de diamantes e decadência, do surgimento do potencial turístico da região, até os dias atuais. Após três anos de pesquisas e muitas vivências chapadeiras, Francisco Teixeira achou por bem dividir os textos em três partes, abordando elementos da formação econômica, da estrutura social, do arcabouço político e de traços culturais.

Diamante, coronelismo, jarê e conflitos por água

Na primeira fase, ele caracteriza o território (formado por rochas com mais de três bilhões de anos!) e percorre o período colonial - da conquista à ocupação e o surgimento das primeiras povoações no alto sertão baiano.  Na segunda parte, o autor se ocupa do século XIX e tem como principal episódio a descoberta de diamantes no rio Mucugê, em 1844. A terceira parte aborda o século XX, no qual o principal episódio são as guerras dos coronéis e seus impactos sociais, que têm reflexo até hoje.

Mesmo em meio às controvérsias encontradas, o trabalho não pretende defender uma única linha de análise ao processo histórico ocorrido na região, deixando fluir, desta forma, o senso crítico do leitor: “Nenhuma tese é defendida. A ideia foi descrever e interpretar, deixando, porém, largo espaço para que o leitor chegue às suas próprias conclusões. Afinal, a história resulta da articulação de narrativas criadas, com seus diferentes pontos de vista, os misteriosos aí inclusos”, explica Teixeira.

Alguns aspectos chamam bastante atenção do próprio autor, como a arquitetura (“Poucas cidades do sertão da Bahia ainda têm o casario preservado como em muitos municípios da Chapada”); o jarê, prática religiosa exclusiva da região, onde candomblé, xamanismo e espiritismo se encontram; a simplicidade e afetuosidade dos nativos; e os recentes conflitos em torno da água, que têm ganhado cada vez mais força. “Existe um paradoxo atual preocupante: apesar da abundância aquífera, a exploração destes recursos de forma predatória e desordenada vem causando conflitos envolvendo moradores, pequenos agricultores e grandes empresas agrícolas”, alerta.

Leitura agradável 

‘Chapada, Lavras, Diamantes – Percurso Histórico de uma Região Sertaneja’ tem  também em suas páginas material visual com fotos históricas e atuais (estas assinadas por Kin Guerra e Elaine Quirelli), gráficos e mapas. A capa é do  conceituado artista gráfico e designer Enéas Guerra, que utilizou a técnica aquarela digital e bico de pena para ilustrar um garimpeiro em plena atividade.

A obra possui o já conhecido selo de qualidade da Solisluna Editora, sob o comando de Valéria Pergentino, que comemora o lançamento. “O livro de Francisco Teixeira enriquece ainda mais o nosso catálogo. De leitura agradável e com uma pesquisa muito bem amparada em farta bibliografia, o autor presenteia o leitor com esta obra completa sobre a história desta preciosa região da Bahia", garante.

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Fonte: Com informações de assessoria



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